sexta-feira, 29 de julho de 2011

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Equipe comemora prêmio: app para Windows Phone visa permitir uma comunicação fluente e em tempo real, entre surdos e não surdos
São Paulo - Estudantes de ciência da computação da Universidade Federal de Pernambuco desenvolveram um aplicativo cujo objetivo é permitir que deficientes auditivos se comuniquem por celular.

O software concorreu ao prêmio no Desafio de Interoperabilidade na competição Imagine Cup, organizada pela Microsoft. A final ocorreu em Nova York, em julho. O sucesso foi tanto que a equipe, apelidada de Bell´s Team, conseguiu o segundo lugar no evento.

Os estudantes Lucas Mello, Amirton Chagas, João Paulo Oliveira, Daniel Ferreira e Flávio Almeida participam da Imagine Cup desde 2008. Na primeira participação do grupo, eles não conseguiram se classificar. Em 2009, participaram com outro projeto e foram campeões mundiais. Em 2010, Flávio Almeida ainda participou como estudante, mas em 2011, já entrou como mentor da turma.

O desafio bem-sucedido de 2011 consiste no projeto ProDeaf. A equipe desenvolveu um aplicativo para Windows Phone, o qual visa permitir uma comunicação fluente e em tempo real, entre surdos e não surdos. O sistema funciona por meio da conversão de sons da fala em linguagem de sinais e vice-versa. Além disso, também permite que alguém com deficiência auditiva use o telefone para fazer ligações com qualquer outra pessoa.

Flávio Almeida explica: “o que você fala, o software interpreta e traduz para linguagem de sinais. Quando o deficiente se expressa em linguagem de sinais, o software emite sons”. O objetivo é amenizar a dificuldade de comunicação sofrida por deficientes auditivos com o mundo externo. Entre as consequências danosas sofridas por eles estão a educação com qualidade ruim e o pouco envolvimento social.

Amirton Chagas, outro integrante do grupo, disse que eles sempre tentam imaginar um projeto novo a fim de participar da competição a cada ano. “Esse ano, a gente teve ajuda do nosso colega Marcelo, que estuda na universidade, é surdo, e nos mostrou esse problema pelo qual eles passam. A partir disso, veio a ideia de fazer alguma aplicação que pudesse ajudar no dia a dia dele”, diz Amirton.

Porém, os problemas enfrentados até encontrar alguma solução cabível foram grandes. Segundo Flávio, “o principal desafio foi o software em si”. Isso porque o aplicativo demandou esforço devido a regionalização da linguagem de sinais. Flávio explica que libras, a linguagem brasileira de sinais, não é padrão em qualquer lugar do país. Isso dificulta bastante o desenvolvimento e a escrita do sistema. “Por isso, tivemos que reduzir o conjunto de informações e desenvolver um protótipo”.

A plataforma do software é outro problema enfrentado por eles. “Estamos trabalhando com Windows Phone 7, sistema da Microsoft. Só que ele ainda não está disponível no Brasil e a tecnologia é muito recente”, diz Amirton. O sistema foi lançado no mundo há pouco mais de um ano. Segundo a assessoria de imprensa da Microsoft, o Windows Phone 7 e o Mango devem ser lançados no Brasil só no final do ano. Amirton também diz: “a gente teve um desafio técnico de encontrar recurso e material, e também de conseguir dispositivos para poder testar a aplicação”.

Após a competição, a equipe já consegue elaborar uma lista com os novos aprendizados. Flávio destaca o contato com deficientes auditivos como uma das grandes lições aprendidas. Amirton também fala sobre a habilidade de trabalhar em conjunto. “Tem toda a troca de experiência, que também é muito importante tanto para o estudante como para o empresário”. Além disso, Amirton diz que a questão do trabalho em equipe é bem aperfeiçoada. “A Imagine Cup incentiva a pensar fora da caixa. Coisa muito boa para o futuro”, diz ele.

Além do ProDeaf e de outros projetos desenvolvidos durante as competições, os colegas de classe conseguiram abrir a própria empresa, chamada Proativa Soluções em Tecnologia, com os frutos colhidos durante as quatro competições. “A empresa nasceu devido ao incentivo da Microsoft com essa competição”, diz Flávio Almeida. O grande ponto positivo está no fato de a própria empresa criada servir de apoio para eles durante as competições, além da oportunidade de um novo negócio.

Este ano, a Imagine Cup, conhecida como a Copa do Mundo da Computação e Iniciativa de Cidadania Corporativa da Microsoft, contou com 350 mil inscritos de 70 países e classificou mais de 400 estudantes para a final mundial. O Brasil, o 2º país em número de participantes, contou com 42 mil participantes e classificou sete equipes.

Agora, o desafio da Bell´s Team consiste em fazer com que o software possa ser comercializado. Logo que voltaram da competição, duas empresas entraram em contato com o grupo por interesse no ProDeaf. Segundo Amirton, o desafio atual é “tentar ampliar o projeto. A gente vê que ele tem uma relevância muito grande socialmente falando. Precisamos de investimento para fazer o projeto virar uma realidade”.


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